Na segunda tarde de programação educativa da Flip a roda de conversa “sem fronteiraS: redes e livroS”reuniu influenciadores digitais para conversar com o público sobre livros e o trabalho de produzir conteúdo audiovisual para o TikTok e outras plataformas.
Convidado para o debate, o escritor Patrick Torres contou como nasceu a ideia de divulgar seus vídeos e lançar o podcast ‘Nas horas vagas, Machado de Assis’. Ele acredita que na pandemia o ócio foi priorizado, alimentando ainda mais a criatividade. “Eu me vi na solidão, meu refúgio foi a leitura. Em um mês eu me desafiei a ler 30 livros e concluir as leituras me deu vontade de comentar, mas meus amigos não estavam lendo as mesmas coisas. Por isso decidi postar os vídeos especialmente para uma amiga: combinamos que após ela assistir, eu deletava. Um dia demoramos a nos comunicar, o vídeo viralizou e eu percebi que tinha um grupo enorme de pessoas interessadas no assunto”. A novidade foi gravar os conteúdos como se os comentários sobre as obras fossem fofocas da sua vida, e isso fez sucesso.
O mediador Tiago Valente comentou que o trabalho de criar conteúdos também foi um refúgio essencial durante a pandemia de Covid-19. “Buscar a literatura me levou a ficar submerso. Acredito que foi um escape tanto para quem produz, quanto para quem consome literatura”. Precursor da comunidade de ‘booktokers’ e influencer bastante famoso, Tiago reproduz os pratos citados na literatura na série #ReceitasLiterárias! Neste ano ele participou do LAB FlipZona ministrando a oficina de Short Video para jovens antes da Flip.
Nova geração
Da plateia, flipzoneiros quiseram saber: como é se descobrir artista? Pedro Vinicio parecia estar bastante tímido no palco, e explicou com a voz bem baixinha que a divulgação dos seus vídeos começou como uma brincadeira. “Eu ainda fico surpreso com a repercussão, porque desenho como beber água, escrevo desde sempre só para guardar, vou fazendo as coisas. Descobri que todo mundo sofre de estresse e ansiedade, e as pessoas acabam se identificando comigo”.
Natural do Piauí, Patrick tem como propósito divulgar os livros e encontrar novos caminhos para a literatura chegar a mais e mais pessoas. “A geografia do espaço onde eu cresci foi muito importante para que eu moldasse a minha escrita”.
As histórias da nova geração que escreve literatura para jovens falam de questões inerentes à juventude e cativam os leitores. Esse é o ponto de partida para chegar aos clássicos, aos livros estrangeiros. Lucia Caetano, coordenadora da FlipZona e integrante da comissão curatorial do Educativo Flip+Sesc, explica que há em todas as etapas do trabalho a preocupação de convidar pessoas de todas as faixas etárias para ocupar a plateia.
“Neste ano tivemos estudantes que acompanham as atividades da FlipZona mediando rodas de conversa e participando ativamente do processo de criação desse momento de conversa. Ver autores jovens nas rodas de conversa é fenomenal, porque eles estão fazendo sua literatura de forma independente nas redes sociais e com editoras pequenas, conseguindo tocar o coração de leitores jovens que se identificam com as obras”.
Lucia afirma que todos ficaram encantados com a experiência, em especial por se identificarem com as personagens e os enredos da literatura trazida para o Auditório da Santa Rita. “A Flip tem como tradição o encontro com grandes pensadores e nós temos o compromisso de formar o público leitor, fazendo esse movimento de trazer professores, bibliotecários, gestores, estudantes, quem tem interesse em educação e literatura”. O compromisso de democratizar o acesso aos livros também é prioridade. E nesse caminho, Lucia acredita que não podemos deixar as redes sociais de fora do universo literário.
“As redes sociais conquistam públicos diversificados e já fazem parte do mundo dos livros. Cada vez mais quero ver os heroicos tiktokers e youtubers nos espaços da programação educativa da Flip, porque realizam um trabalho muito importante e é preciso reconhecermos isso”.
Foto: Gustavo David (@photosbygu)