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Oficina amor correSPondido convida ao encontro com a escrita na Flip

 

Eu fui surpreendida pelo aviso dado pelo funcionário do condomínio. “Tem uma carta para você”, ele sorriu entregando o envelope branco cuidadosamente fechado com o selo vermelho onde lê-se amor corrSPondido.

 

Curiosa por acompanhar a oficina da artista e poeta Carmen Garcia durante a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty – e atenta aos movimentos na mesa instalada em plena Praça da Matriz, no Centro Histórico de Paraty, eu consegui um lugarzinho no banco para me sentar com o grupo concentrado em papeis e canetas. “E lápis, porque assim você já vai escolhendo se quer escrever certezas ou dúvidas”, sinalizou Bárbara Ataíde, jornalista que viu nas redes sociais o vídeo-convite de Carmen Garcia para a oficina e agendou um horário exclusivo para a programação na manhã de domingo.

 

Um dia antes as pessoas que passavam pela praça a caminho das diversas agendas espalhadas pela cidade em tempos de Festa também viam Carmen rodeada por crianças, jovens, adultos, senhoras e senhores com olhos fixos preenchendo as linhas dos papeis. “Se você quiser escrever ou desenhar, esse é o espaço para pensar em possibilidades”, explicava. “A nossa possibilidade principal é escrever uma carta, colocar no envelope e enviar pelo correio”.

 

Pois todas as mensagens foram postadas na ação proposta pelo Programa Educativo Flip. “Amor correSPondido” é um projeto de intervenção artístico-literária conduzido por Carmen, que provoca o público a refletir sobre amor e afetos. “Qual a última carta que você escreveu?”, questionava a frase estampada na camiseta da poeta.

 

Entusiasmada pelo encontro ao ar livre, a designer Rafaella Wenthausen fez questão de estar nos dois momentos da oficina. “Eu quero escrever para tanta gente, trouxe até meus cartões-postais que também irei enviar para pessoas queridas”, celebrou.

 

Passeando pelas criações era possível encontrar a espontaneidade de desenhos, rabiscos emocionados,  longas declarações e até um texto meio cifrado, estudado pelo autor como se montasse um mapa e desvendasse um quebra-cabeça de palavras (ao me ver testemunhando o esmero, ele escondeu o papel e terminou discretamente a missão).

 

A minha letra registrada primeiro em azul e retomada na caneta preta está guardada a sete chaves na gaveta do meu escritório. São lembranças intensas, memória de dias inesquecíveis. “É muito legal quando a gente lê uma mensagem e percebe que começou a ser escrita com uma caneta, terminou com outra. Isso revela a passagem do tempo, algo que não sabemos ter acontecido ao remetente no meio do caminho”, me contou Carmen ao selar a minha carta.

 

Pois nos meus caminhos estava o trabalho, as amizades, a saudade de casa e a Festa.

 

Texto: Débora Nobre Monteiro

Fotografia: Nathã de Lima

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