A curadoria da 20ª edição da Flipinha preparou uma surpresa para autoras e autores convidados a participar da Ciranda dos Autores deste ano. Logo antes de cada mesa é dada a notícia: dentre quase 800 títulos enviados pelas editoras na chamada aberta para compor a programação, apenas 16 pessoas foram escolhidas pelo grupo que participou do projeto Sementes, formação de mediadores de leitura que aconteceu em Paraty e contrapartida social que levou para escolas municipais do município oficinas de mediação de leitores e encontros para formação em artes com crianças e jovens.
Na mesa 4 “Ler com o corpo” a notícia a respeito do trabalho do Programa Educativo foi dada por Denise Col, da curadoria Flipinha e do Coletivo Sabenças, que enfatizou o papel essencial da mediação preparada pelas “sementes” nos dias de festa. É através da cartografia, da cardioleitura e da artistagem que mediadoras culturais recebem as crianças, os jovens e suas famílias e educadores na Central Flipinha.
Para conduzir a conversa, Karen Mainardes e Júlia Schmidt tiveram a companhia da curiosidade do público sobre o livro-álbum. A autora Fernanda Ozilak apresentou “Lá”, obra que aguça o espírito explorador dos leitores. Formada em design gráfico, Fernanda criou todo o projeto gráfico de “Lá” pensando na maneira especial como as crianças exploram o mundo e exploram a literatura. “Estou aprendendo a ver a beleza da leitura das crianças e percebo que elas acabam submergindo no meu livro”, explicou Fernanda. “Eu idealizei a caixa e os encartes do livro para tratar do tema ambiental e debater a preservação da natureza, e agradeço a todos os colaboradores que trabalharam na equipe para a realização desse projeto”.
O livro-álbum traz o encontro com oportunidades de exploração e experimentação que movem sentidos com gestos, olhares, toques, sorrisos, expressões de conforto e até de desconforto. O ilustrador Andrés Sandoval acredita que o livro-álbum traz também a possibilidade de relacionamento e convivência com o corpo coletivo. “É um excelente instrumento de troca e um convite para criar espaços de invenção de novas histórias e de jogos com o próprio corpo”, afirma Andrés. “O livro-álbum é um espaço político”.
Arquiteto de formação, Andrés respondeu a uma pergunta da plateia na mesa da Flipinha e explicou que sua profissão é essencial ao trabalho como ilustrador. Em “Vermelho”, com texto de Maria Tereza, o processo criativo com as imagens foi transformado ao longo do tempo até a versão final. A alegria de ter o trabalho prestigiado coincide com a recepção do público às obras debatidas hoje. “Eu estou muito feliz de trazer um livro publicado em 2019 e lembrado agora pelo trabalho nas escolas”.