O Educativo Flip realizou na Casa da Cultura, em Paraty, a roda de conversa ‘Diversidade e pluralidade nos acervos literários escolares: curadorias para novos imaginários’ mediada por Denise Col, coordenadora pedagógica do Educativo Flip, com a presença de Calila das Mercês, Iracema Santos do Nascimento, Luce Diogo e Mari Costa.
O encontro começou com a fala potente de Calila, que lembrou conceitos como a exuzilhada de Cidinha da Silva e a circularidade de Nêgo Bispo. “Eu tenho pensado nas epistemologias e em outros modos de circular as falas”, explicou Calila, que teve sua obra Planta Oração (Editora Nós, 2022) celebrada no debate – o livro foi finalista do Prêmio Jabuti em 2023.
Vale lembrar que de maneira bastante superficial, epistemologia significa o estudo da formação do conhecimento, a diferença entre ciência e senso comum, a validade do saber científico, dentre outras questões.
“Antes de morder,
veja com atenção,
se é pedra
ou se é pão”,
citou Calila antes de passar a palavra para a professora Iracema, que contou sobre a experiências nas Salas de Leitura na cidade de São Paulo e pontuou o quanto a ideia liberal sobre a formação cultural é elitista.
“A leitura não é um desdobramento automático da alfabetização”, afirmou Iracema. “A professora leitora é também curadora, e enfatizo que estamos em formação como leitores a cada vez que lemos um livro”.
A professorie Mari também trouxe relatos do trabalho na Sala de Leitura. “O desafio da escola é a permanência do trabalho apesar da epistemologia colonial, por isso é preciso trabalhar com epistemologias outras. Há pessoas que fazem fissuras no sistema”, defendeu Mari.
Ampliando as perspectivas a respeito da formação antirracista e decolonial, Luce lembrou que não há espaços vazios. “A escrevivência é a tecnologia que move os imaginários e oportuniza o embate com o colonialismo”.
Texto: Débora Monteiro
Fotografia: Gabriel Tye