
editorial
Em Paraty, a festa da literatura é também uma festa da imaginação e da escuta. Ao longo de mais de duas décadas, a Flip se reinventou muitas vezes, mas nunca deixou de afirmar que os livros são pontes — entre pessoas, territórios, gerações, saberes. Em 2025, o Educativo Flip aprofunda esse compromisso ao lançar um tema norteador que é, ao mesmo tempo, provocação e convite: Planeta Vivo.
Em um mundo marcado por transformações ambientais e sociais profundas, perguntamos: como inspirar as novas gerações a imaginar futuros possíveis para o planeta? E mais: como a literatura pode contribuir para que tenhamos um planeta vivo? É essa a pergunta que atravessa todas as ações da Flipinha, da FlipZona e do FlipEduca neste ano.
Para esta edição da Flip, o Programa Educativo dá um passo importante: criamos um conselho curatorial formado por autores e autoras de literatura para a infância e juventude. Pela primeira vez, colocamos escritores no centro do processo de curadoria da Flipinha, fortalecendo a pluralidade e a criação coletiva como valores fundamentais. São seis os autores-curadores que assumem esse papel em 2025: André Gravatá, Daniel Kondo, Geni Nuñez, Julia Medeiros, Nina Rizzi e Waldete Tristão. Eles trazem consigo vivências, visões de mundo e repertórios diversos, e com isso enriquecem a programação com múltiplos olhares sobre infância, criatividade e os desafios do nosso tempo.
A Flipinha, que acontece ao longo de todo o ano nas escolas e comunidades de Paraty, se expande também com ações como a Flipinha do Mar, que leva literatura a comunidades costeiras de difícil acesso, e a Operação Flipinha, que percorre as 32 escolas públicas do município com autores, ilustradores e oficinas criativas. Durante os dias da Flip, a Central Flipinha se instala na Praça da Matriz, criando um território lúdico e literário com oficinas, mediações de leitura, apresentações artísticas e encontros com escritores.
Já a FlipZona, plataforma jovem do Educativo Flip, reforça o protagonismo dos adolescentes e jovens de Paraty, com ações como o Jovem Repórter, a Agência Jovem de Notícias e o Laboratório de Audiovisual, além da presença ativa nas escolas do município com o projeto FlipZona na Escola.
Nosso impacto se traduz em números: em 2024, mais de 5.000 crianças foram atendidas ao longo do ano, e outras 5.500 durante os cinco dias da Festa Literária. Mais de 200 educadores foram formados em mediação de leitura e 80 mil livros já foram doados desde o início do programa.
Em 2025, seguimos fortalecendo o vínculo entre educação, literatura e território, com ações contínuas como o Percurso Formativo Sementes, o projeto Sementes na Escola e a publicação do nosso Manual de Mediação de Leitura, que compartilha práticas e metodologias com toda a rede educacional.
Acreditamos que uma festa que se quer literária precisa ser também formadora, democrática e enraizada. E, por isso, o Educativo Flip é, antes de tudo, um compromisso com o presente e o futuro de Paraty — com suas crianças, seus jovens, seus educadores e suas múltiplas vozes. É nesse território vivo que continuamos escrevendo, juntos, novas histórias.
Belita Cermelli
Diretora de Cultura e Educação da Flip