De 23 a 27 de novembro, após duas edições virtuais, a Flip voltou às ruas de Paraty para completar 20 anos. Na fala de abertura da programação principal, Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip, lembrou que construir um futuro a partir da leitura em sentido amplo foi um dos desejos fundadores da festa.
Com curadoria de Fernanda Bastos, Milena Britto e Pedro Meira Monteiro, a 20ª Flip teve como autora homenageada Maria Firmina dos Reis, educadora maranhense, apontada como a primeira romancista brasileira e que, após anos de esquecimento, teve sua obra recuperada por diversos estudos contra-hegemônicos.
Maria Firmina foi tema da mesa 1: Pátrios Lares, e da mesa 2: Minha liberdade. Na primeira delas, a ideia de emancipação, tão presente nos escritos da autora homenageada, foi o tema transversal às falas das professoras e pesquisadoras Fernanda Miranda e Ana Flávia Magalhães Pinto. Na segunda, Luciana Diogo Martins e a historiadora Lilia Schwarcz discutiram não apenas a obra da autora homenageada, mas também o contexto histórico em que seus livros foram escritos.
No segundo dia de Flip, Carol Bensimon, Prisca Agustoni e Bessora conversaram sobre trânsito e pertencimento na mesa 3: A literatura em que habito. Leonora de Barros, Ricardo Aleixo e Patrícia Lino discutiram o potencial das palavras em outras linguagens na mesa mesa 4: o corpo de imagens. Para encerrar o dia, Luciany Aparecida e Camila Sosa Villada reuniram-se na mesa 5: A festa das irmãs perigosas.
O terceiro dia teve início com o encontro entre Eduardo Sterzi e Allan da Rosa, que conversaram sobre o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 na mesa 6: Ainda longos combates. Cecilia Pavón e Fabiane Langona dividiram o palco na mesa 7: Dançar a palavra, enquanto o diálogo entre Geovani Martins e Ladee Hubbard sobre violência, escrita e liberdade marcou a mesa 8: O que deixaram para adiante. Os limites e as possibilidades da autoficção foram temas centrais da mesa 9: E se eu fosse…, que reuniu Ricardo Lísias e Amara Moira. A mesa 10: Do mal que tu me deste trouxe à festa uma entrevista intimista com Benjamín Labatut. Dedicada a Claudia Andujar, a primeira Artista em Destaque da Flip, a mesa 11: Livre e infinito reuniu as fotógrafas Nair Benedicto e Nay Jenkins, e trouxe sensível depoimento em vídeo de Davi Kopenawa Yanomami.
O quarto dia teve início com a tradicional mesa 12 [Zé Kléber]: Cidades e florestas, que reuniu Carlos Papá e Cristine Takuá. Na mesa 13: Memória Flip 20 anos, voltaram à festa Bernardo Carvalho e Pauline Melville. Destaque da 20ª Flip, a Prêmio Nobel Annie Ernaux dividiu o palco com Veronica Stigger na mesa 14: Diamante Rubro. A importância da experiência para a escrita guiou o diálogo entre Tamara Klink e Natassja Martin na mesa 15: Desterrando o susto; enquanto o rico debate sobre literatura e mudanças sociais reuniu Luiz Mauricio Azevedo, Saidiya Hartman e Rita Segato na mesa 16: Entrar no bosque da luz. A língua portuguesa foi celebrada na mesa 17: Palavra livre, que pôs lado a lado Alice Neto de Souza, Midria e Lázaro Ramos.
O quinto e último dia da festa teve início com a mesa 18: O branco leque do gentil palmar, com Cida Pedrosa e Teresa Cárdenas. Na mesa 19: Encruzilhadas do Brasil, Cidinha da Silva e Christiano Aguiar refletiram sobre os caminhos possíveis da literatura em um país que carece de interpretações sobre si próprio. Como é tradição da festa, o programa principal chegou ao fim com a mesa 20: Livros de cabeceira. Nas falas que antecederam o painel, Mauro Munhoz e Fernanda Bastos homenagearam Liz Calder, presidente do conselho da Flip. Em 2022, foram convidadas Cecilia Pavón, Cidinha da Silva, Ladee Hubbard, Nastassja Martin, Teresa Cárdenas, além da própria Liz Calder, que leram trechos de suas obras favoritas.