Nos dias 20 e 27 de setembro e 04 de outubro de 2024 aconteceu na Casa Flipeira, em Paraty, a Oficina de Isogravura com o artista visual e arte-educador Lucas Magalhães. A ação faz parte da programação cultural e artística que compõe as atividades permanentes realizadas no município pelo Educativo Flip em colaboração com a Secretaria de Educação de Paraty.
O oficineiro Lucas reside na cidade e seu trabalho abrange fotografia, colagem, pintura e xilogravura com expressões da cultura popular brasileira, especialmente festejos e tradições. Na Casa Flipeira, Lucas ensinou isogravura para crianças a partir de 7 anos: a técnica de impressão utiliza uma matriz de isopor para reproduzir imagens.
O primeiro dia de oficina compreendeu a coleta de folhas de diversas espécies de plantas nos arredores da Casa Flipeira, no bairro da Ilha das Cobras, e a marcação de seus formatos em placas de isopor reutilizadas. A escolha das plantas como elemento principal do processo artístico teve o objetivo de estimular o diálogo sobre a presença das plantas no território e no cotidiano. Quem conduziu essa conversa foi Day Silva, coordenadora da Casa Flipeira, mediadora de leitura ‘Semente’, contadora de história e professora de Ciências e Biologia, que teve participação na concepção pedagógica da oficina.
“Toda planta carrega consigo histórias. Apresentei às crianças algumas plantas que carrego comigo e a partir daí conversamos sobre a importância delas no nosso cotidiano, apontando seus usos, curiosidades, mitos, ritos e tecnologias. A coleta de plantas com crianças também é muito interessante, pois garante sensibilização ecológica e ampliação de repertório cultural e botânico de forma lúdica e curiosa. Coletamos folhas de árvores, arbustos, trepadeiras, plantas rasteiras, tudo que foi possível, observando o tamanho, formato, textura, nervura, tons de verde… As plantas apontaram o caminho narrativo para a criação das gravuras.”, comentou Day.
Durante o segundo encontro da oficina, os participantes entintaram as matrizes de isopor e realizaram a impressão em papel, deixando as gravuras prontas para a etapa seguinte. O último encontro proporcionou a criação de um mural na fachada da Casa Flipeira, com as gravuras botânicas que compuseram uma árvore, colada na parede com técnica lambe-lambe.
A Casa Flipeira tem programação gratuita e recebe estudantes às terças-feiras na ação Escola na Casa – escreva para agendamento@flip.org.br e agende a visita, com atendimento ao público de quarta a sexta das 10h às 18h e aos sábados das 10h às 14h.
Lucas Magalhães
Lucas Augusto Campos Magalhães, homem branco cis, periférico, nasceu em 1992 em Contagem/MG e atualmente reside em Paraty. É formado em Design Gráfico pela Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e seu trabalho com artes visuais integra fotografia, pintura e xilogravura. Lucas é autor de seis fotolivros sobre as festas de Congado em Belo Horizonte/MG, os quais documentam os festejos, exploram significações culturais e sociais oferecendo um valioso registro visual e etnográfico dessas tradições. Recentemente, participou de uma residência artística em San Cristóbal de Las Casas, no México, onde teve a oportunidade de aprofundar suas pesquisas e explorar novas técnicas e influências culturais.
Texto: Tayná Pádua
Fotografia: Débora Monteiro