A roda de conversa ‘oS sentimentoS noS habitam’ reuniu a autora Roberta Malta e o autor Marcelo Maluf para conversar com as mediadoras Júlia Schmidt e Wara Merlo e a plateia lotada de estudantes de todas as idades no Auditório da Santa Rita. Educadoras e educadores de escolas públicas de Paraty e de Angra dos Reis vieram com crianças e jovens para conhecer as obras e participar da programação do Educativo Flip+Sesc.
Curiosos por descobrir detalhes da profissão e do trabalho de escritor, os pequenos enviaram perguntas e insistiram em descobrir como, afinam, podemos criar histórias. “Tem um jeito de chapéuzinho vermelho se salvar?”, quis saber Heitor.
Roberta contou que em ‘A Loba’ (Companhia das Letras), ilustrado por Paula Schiavon, a personagem encontra uma maneira de agir sozinha. “Em algum momento a gente quer dialogar com o leitor, e eu escolhi o tema pensando em mudar essa história”. Wara complementou que o livro toca em questões essenciais para refletirmos sobre o machismo. “A mulher passa por muitas moralizações, e você desconstruiu a questão do feminino”.
Cardiografia
Desde temas fraturantes até por onde caminham nossas sensações, Júlia destacou que este encontro na Flipinha tenta destacar como coração, mente e emoção conversam juntos. “Num trecho do livro do Marcelo tem uma página com diálogo com vários corações, as personagens são corações. Com quem pode o coração falar”?
Para o autor, podemos pensar em coração como tudo aqui que é afeto, reconhecendo e respeitando o outro como é, priorizando o respeito. “Quando o coração fala as palavras calam. Cada coração tem uma vontade diferente, às vezes são parecidos, outras não. Às vezes a vontade é sair correndo e encontrar o vento. São as diferenças que nos marcam e que importam. Respeito o seu coração como ele é, e não como eu quero que ele seja.
A beleza de convivermos e conversarmos sobre literatura é saber que o coração é a parte da gente que sente, pode estar nos nossos olhos, pode estar fora da gente”.
No livro “O coração que saiu pela boca” (Camaleão), ilustrado por Tainan Rocha, em certo momento o coração vai para o universo, viaja entre as estrelas, e traz a sensação para dentro de Hugo, o protagonista. “Isso é a vontade da experiência de estar no cosmos”, poetizou Marcelo.
Cartografia
O diálogo sobre o processo criativo e as estratégias editoriais para a publicação de livros para crianças e jovens também esteve na roda. Roberta acredita que um bom escape pra a palavra é criar um universo para a história que esteja a parte do enredo principal. “É interessante aproveitar os vários usos da palavra no processo criativo do livro. E os livros ilustrados são uma linguagem dentro da literatura”.
Para quem gosta de escrever, a autora ressalta que há várias maneiras de relacionar as palavras e as imagens. Por isso o livro-álbum é uma linguagem com múltiplas possibilidades. Mergulhar nesse mundo é certeza de encantamento.
