Aos 82 anos, Annie Ernaux foi laureada com o prêmio máximo da literatura mundial por conta da “coragem e precisão clínica” de obras avessas à invenção, que exploram o limite da experiência como ferramenta artística. Quem abre os livros de Annie, encontra o que ela própria define como “escrita plana”, um texto despido de ornamentos e sentimentalismos, histórias que transitam entre o romance, o relato e o diário, que emergem do particular e dão sentido ao universal, e que, nas palavras da Academia Sueca, revelam “as raízes, estranhamentos e repressões coletivas da memória pessoal”.