A criação da Festa Literária Internacional de Paraty, em 2003, e sua maioridade — este ano ela completa 21 edições — compõem uma biografia repleta de biografias e inúmeras histórias, narradas não só nos dias da Festa, mas ao longo de todo o ano. Trata-se de uma celebração em processo contínuo de leitura territorial, que se converte em ações transformadoras, vocação das artes por excelência.
Na Flip, a literatura cria pontes entre linguagens e conhecimentos diversos, a partir da mobilização de uma série de atores internos e externos, que cultivam as mais diversas relações com Paraty e com a Festa. Os encontros promovidos ao longo dos cinco dias de atividades são parte de uma manifestação cultural muito mais ampla.
Trata-se de uma ativação do território que promove a circulação de ideias e visões de mundo e cria dispositivos que transformam a cidade a partir das experiências oferecidas a seus moradores e visitantes. Um verdadeiro urbanismo participativo.
Ao ocupar os espaços públicos com cultura e promover canais de troca entre aqueles que transitam e aqueles que vivem ali, a Flip é um organismo vivo.
A Festa Internacional traz a Paraty o mundo, enquanto o mundo, que experimenta a cidade em celebração, leva Paraty consigo. Questões se colocam, o tempo e a cultura no país e no mundo se movem para diversos lados. A Flip acolhe e metaboliza todas essas tensões que emergem a cada edição.
A literatura, as artes e os ofícios de se fazer cidade, nesse sistema, se reafirmam como condutores desse circuito de ideias. O que se manifesta é uma atmosfera que corre pela cidade inteira, uma vibração comum a partir de vozes diferentes.
A cada ano, um projeto artístico, arquitetônico e urbanístico é elaborado para promover um novo encontro com o território. Tal como os textos literários, em que novas leituras são capazes de iluminar pontos até então ocultos, acreditamos que a cidade é algo para ser lido e relido.
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