Isael Maxakali, Sueli Maxakali e Rosângela de Tugny
Mediação: Alexandre Nodari
Os Tikmũ’ũn, mais conhecidos como Maxakali, sempre seguiram o caminho dos rios. Habitantes milenares das florestas que cobriam o leste do atual estado de Minas Gerais, foram expulsos do seu território tradicional durante séculos de invasões e de um implacável processo de dizimação. Vivendo em algumas das menores terras indígenas demarcadas no Brasil, de tempos em tempos, alguns grupos precisam deixar os limites das reservas em que foram confinados em busca de uma terra outra, hãmnõy, na língua Maxakali. Foi assim que, em 2021,, na madrugada do último dia 28 de setembro, retomaram uma terra da União na região de Itamunheque, na zona rural do município de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais.
No novo território, o casal de professores, artistas e cineastas Isael e Sueli Maxakali, junto às lideranças locais e alguns apoiadores, idealizaram a criação da Aldeia-Escola-Floresta, um espaço de troca de saberes, reflorestamento, recuperação de nascentes e fortalecimento do complexo musical, ritual e cosmológico conhecido como yãmĩyxop.
Na companhia de um grupo de desenhistas da Aldeia-Escola-Floresta, Isael e Sueli materializaram um pouco do sonho que vislumbram para o novo território, com desenhos, textos e imagens elaborados durante uma oficina realizada pelo BDMG Cultural em novembro. Todo o material está reunido no site aldeiaescolafloresta.org, que parte da retomada da terra para compartilhar com o público o sonho de retomada da floresta, da alegria das chuvas, dos peixes nos rios, os espíritos yãmĩyxop, preservados nos corpos e na memória Maxakali.
Com a participação de Isael e Sueli Maxakali, Rosângela de Tugny,, Alexandre Nodari e mediação do etnólogo Roberto Romero, a mesa “O sonho da terra e a terra do sonho: Aldeia-Escola-Floresta” é uma realização do BDMG Cultural para a Flip, com o intuito de partilhar e dialogar sobre a riqueza do projeto aldeia-escola-floresta e de tudo que ele complexifica e nos ensina sobre cultura, educação, natureza. Como nos aponta Isael: “Por que Aldeia-Escola-Floresta? Porque cada lugar da aldeia é uma escola. A floresta é uma escola. O rio é uma escola para nós.”