Com Emanuele Coccia e Adriana Calcanhotto
Mediação: Cecilia Cavalieri é artista visual e pesquisadora; sua pesquisa recente propõe exercícios inter/multiespecíficos de especulação e de fabulação cosmopoética
O italiano Emanuele Coccia é um dos filósofos mais importantes no que se costuma chamar de “virada vegetal”: o momento no século XXI em que as plantas assumem um protagonismo inédito na história cultural do planeta. Em dois de seus livros traduzidos no Brasil, A vida das plantas e Metamorfoses, ele aborda questões relativas à inteligência e à sensibilidade vegetal, tentando mostrar a relevância absoluta desses seres não humanos para a sobrevivência de todas as outras espécies. Em Metamorfoses, propõe que toda a vida no planeta acontece como um processo metamórfico: não só as espécies, mas também os reinos vegetais e animais se transformam uns nos outros, ao longo de uma história que remonta ao surgimento dos primeiros viventes na Terra. Adriana Calcanhotto é uma das compositoras e cantoras mais admiradas na cena cultural brasileira. Um de seus mais recentes trabalhos tem como título vegetal A Mulher do Pau-Brasil, que resultou também em concerto-tese, resultado de sua residência artística na Universidade de Coimbra. Nesta mesa, ela falará também de sua relação com Paraty e seu projeto de criar um estúdio de produção musical em plena Nhe’éry, além de comentar a intensa relação com as plantas que acompanhou seu casamento com a cineasta Suzana de Moraes. Ressaltando-se que a escrita filosófica de Coccia é dotada também de muita poesia, esse diálogo tem tudo para ser de alta voltagem poético-floral.