Manuela Carneiro e Isa Grinspum Ferraz
O Brasil é um país de grande diversidade cultural, social e ecológica. Pela variedade de espécies animais e vegetais de seu território, figura com grande destaque no grupo de dezessete países megadiversos do planeta. Ao mesmo tempo, populações humanas de origens, culturas e sociedades diversas há muito coexistem aqui – mesmo que, frequentemente, de forma conflituosa -com seus saberes tradicionais e suas maneiras próprias de lidar com a natureza. E novas levas de imigrantes de todas as partes seguem aportando neste território, trazendo consigo conhecimentos e experiências que nos enriquecem ainda mais.
O Brasil são muitos e essa multiplicidade de saberes é talvez um dos seus trunfos essenciais. Frente à crise ecológica planetária, à crise hídrica, ao aquecimento global e às mudanças radicais que isso vem provocando na vida humana e não-humana, que contribuições toda esse nosso imenso patrimônio e todos esses saberes que convivem aqui podem trazer para a conservação da biodiversidade e para uma vida mais saudável e justa?
Quem estudou biologia sabe que o que dá força a uma espécie é a variedade. Isso se aplica também a uma sociedade. Quanto mais variedade uma sociedade é capaz de fazer existir, mais capacidade ela tem de enfrentar problemas que não pode prever. Um país é tanto mais rico, tanto mais capaz de fazer frente ao futuro, quanto mais diversidade e alteridade ele for capaz de absorver sem destruir.
Hoje, apesar do Brasil se colocar mundialmente como um país exportador de produtos primários – vocação predatória colonial, sabe-se que o seu futuro está em outro lugar: é a sua imensa diversidade biológica e social que faz de nós um campo de grande potencial para a inovação de ponta e para a busca de novas maneiras de viver.
Esta mesa do Museu da Língua Portuguesa na FLIP propõe uma reflexão sobre as contribuições dos saberes das diferentes populações tradicionais que vivem no Brasil para a preservação da biodiversidade e da sociodiversidade planetárias. Ela apresenta uma reflexão da antropóloga Manuela Carneiro da Cunha sobre a diversidade de saberes dos povos tradicionais e também com a exibição de pequenos videos contendo depoimentos de imigrantes de várias origens que vivem hoje na cidade de São Paulo. Eles falam sobre suas culturas e preparam pratos de suas culinárias tradicionais.