A Flip, em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do SESC São Paulo, realizará, entre os dias 25 e 29 de outubro, o Ciclo de Homenagens de 2021. Por conta do atual estágio da pandemia de Covid-19, as mesas acontecerão em formato virtual. Isso não impede que as pessoas, ainda que remotamente, em suas casas, possam estar juntas para participar das homenagens.
Homenagem coletiva e inédita
O texto Nhe’éry, plantas e literatura, que norteia a 19ª Edição da Flip, é uma defesa de outra relação entre pessoas e natureza – em que se respeite a Terra, as florestas e os seres que lá habitam. Se tradicionalmente a Festa homenageia um importante nome da literatura, a 19ª edição propõe uma inovação que ressoa a inteligência coletiva das plantas
É por isso que, no lugar de um autor homenageado, iremos homenagear as vítimas da Covid-19, em especial os pensadore(a)s/conhecedore(a)s/mestre(a)s indígenas que tiveram suas vidas interrompidas, nomes a serem lembrados ao longo do Ciclo de Homenagens e além. Eleger não uma pessoa, mas um conjunto de homenageados, e se alinhar ao espírito de colaboração e de coletividade das florestas. Desse modo, a cada nome lembrado, tenta-se iluminar as trajetórias e os legados de muitos outros representantes de outros povos, outras sabedorias.
Programação das mesas
A abertura do Ciclo de Homenagem, a ser realizada em 25 de outubro, trará reflexão a respeito dos efeitos trágicos da pandemia entre as populações indígenas. Ao lembrar dos nomes de vítimas indígenas fatais da Covid-19, busca-se que suas enormes sabedorias possam continuar nos ajudando a criar melhores futuros.
- A primeira mesa tem como tarefa central debater projetos responsáveis por criar outros conceitos e outras práticas de saúde, sejam aquelas capazes de estabelecer conexões entre a medicina ocidental e as sabedorias tradicionais, ou aquelas que fortalecem os conhecimentos originários.
- A mesa seguinte tem como ponto de partida a conquista de protagonismo feminino em movimentos políticos indígenas. Como isso aconteceu e que mudanças esse processo desencadeia também nas sociedades indígenas? A homenagem à Meriná Macuxi, nesta mesa, servirá de ponto de partida para que se discuta a relação milenar entre mulheres e plantas nas culturas indígenas.
- A recente mudança de eixo nos circuitos das artes, que passou a incorporar a produção indígena em lugar de destaque, também será abordada. A terceira mesa do Ciclo de Homenagens irá propor um debate sobre as especificidades desse processo na literatura, nas artes visuais e na música. A conversa começa com tributo a Feliciano Lana, considerado precursor e desbravador para a nova geração de artistas indígenas.
- O quarto evento tem como tema central os sucessos e os desafios das escolas indígenas, uma das mais importantes inovações da educação brasileira recente. Tendo como horizonte a importância da obra pedagógica de Higino Tenório, busca-se uma reflexão sobre as especificidades das “escolas vivas”. Quais são, afinal, os desafios para o futuro da educação indigena?
- O Ciclo de Homenagem termina com debate sobre Nhe’éry, ou “onde as almas se banham”, que é como os Guarani se referem à Mata Atlântica, e o vínculo que ela tem com indígenas, quilombolas e caiçaras. A partir das relações particulares de cada povo com a Mata, abre-se um caminho para falar também das múltiplas relações entre pessoas e plantas nos diversos biomas brasileiros. Em homenagem a Domingos Venite, cacique da aldeia Sapukai, pretende-se discutir os futuros possíveis de Nhe’éry, e suas plantas.
Ciclo de Homenagem 19ª Flip + SESC
Parceria Flip com o Centro de Pesquisa e Formação do SESC São Paulo
De 25 a 29 de outubro.
As mesas acontecem sempre das 19h às 20h30, no canal do CPF no YouTube.
Alguns participantes confirmados: Carlos Papá, Sueli Maxacali, Denilson Baniwa e Jaider Esbell. Também estão confirmados Anna Dantes e João Paulo Lima Barreto, integrantes do Coletivo Curatorial da Flip.
A programação completa das mesas será divulgada no site da Flip e do Centro de Pesquisa e Formação do SESC.