Em 1971, o poeta Leonardo Fróes abandonou o Rio de Janeiro, onde se criou, e foi viver em um sítio da região serrana do estado. A fuga para o campo em direção a uma vida guiada pela simplicidade também coincide com o aprofundamento da sua relação com as letras. O ofício de tradução, por exemplo, foi uma das maneiras que encontrou de pagar as contas da vida no campo.
O ano marca também a estreia da coluna “Natureza”, no Jornal do Brasil, um dos primeiros espaços a pautar o debate ecológico no país. Lá o escritor publicava suas impressões e conselhos a respeito da relação entre as pessoas e as plantas, assim como perfis de personagens que, como ele, desviaram o olhar para essas outras formas de vida.
Se em 2016, quando veio à Flip, Fróes foi era “redescoberta da poesia brasileira”, em 2021 ele é amplamente reconhecido como um escritor do mundo vegetal, alguém que abre, com as palavras, um caminho de colaboração entre os humanos e os não humanos. São muitas as raízes que ligam o poeta à terra, seja por seus poemas repletos de bichos e plantas, ou pelos textos de sua longeva coluna, organizados em Natureza: A arte de plantar, que o Selo Pernambuco lançará durante a Festa para comemorar os 50 anos da trajetória de um poeta em direção à terra. Mais cedo neste ano, a Editora 34 lançou sua poesia reunida, em um volume que contempla poemas escritos entre 1968 e 2021.