Desde 2016, quando publicou o relatório “O futuro climático da Amazônia”, o cientista Antonio Donato Nobre passou a ser, junto a um público cada vez mais amplo, aquele que dava as notícias sobre a triste realidade da Floresta Amazônica. Se o esforço de divulgação científica é por si um desafio, revelar um cenário tão assustador a respeito da vida nas matas e nas cidades brasileiras é uma tarefa que exige profundo cuidado e franqueza.
Agrônomo de formação, Doutor em Ciências da Terra e pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Antônio Nobre passou a ser um decodificador dos segredos da floresta – dos seus rios voadores e dos seus mecanismos de sobrevivência –, um cientista que transita do laboratório à investigação, junto às várias formas de saberes tradicionais, sobre quais maneiras de vida são possíveis e sustentáveis no contexto da mata. A visão que Nobre oferece sobre a crise climática, ao mesmo tempo que aponta para as razões do colapso, apresenta possibilidades de cura, mas para isso há uma condição: é preciso, o quanto antes, rejardinar o planeta.