Ailton Krenak

Ailton Krenak

Em A vida não é útil, Ailton Krenak dá uma solução ao suposto dilema causado pela pandemia. Enquanto setores da sociedade questionavam as medidas de distanciamento social, alertando que o resguardo poderia causar uma crise ainda mais grave do que a própria pandemia, ele escreve: “Nós poderíamos colocar todos os dirigentes do Banco Central em um cofre gigante e deixá-los vivendo lá, com a economia deles.”

Ailton é hoje um dos maiores e mais perspicazes intérpretes da realidade, o que se deve, em grande medida, ao fato de ter nascido do povo Krenak, que habitam o vale do Rio Doce, uma região explorada à exaustão pela mineração. As suas Ideias para adiar o fim do mundo, publicadas em 2019, nesse sentido, não são apenas reflexões descoladas de qualquer experiência. Se Ailton formou-se como um importante crítico do antropoceno e de seu paradigma que descola a humanidade da natureza, é porque parte do mundo dos Krenak teve de acabar para que o progresso pudesse cumprir seu curso.

Neste momento em que a vida no planeta se vê ameaçada por conta de um desastre socioambiental contratado por séculos de destruição em nome do desenvolvimento, Ailton é um esteio a todos os povos e indivíduos que querem interromper a aceleração do presente, para quem sabe mudar o rumo do futuro em direção a alguma possibilidade de sobrevivência neste planeta.

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