Maria Silvanete Lermen vive cercada de plantas, com elas compartilha suas lutas e suas curas. Quando muito pequena, aos seis anos, escondia-se para espiar as reuniões de movimentos sociais do campo, aos oito fez o seu primeiro remédio à base das ervas. Não surpreende que hoje, aos 46 anos, Silvanete seja uma importante transmissora da sabedoria da mata. Habitante de Serra dos Paus Dóia, no Sul de Pernambuco, Silvanete é agricultora, benzedeira, raizeira, educadora popular, orientadora em saúde comunitária e pesquisadora de saberes e vivências dos povos. As múltiplas tarefas, de certo modo, são uma só – a tarefa de ser floresta. Importante voz de representação feminina no campo e mãe de quatro filhos, Silvanete é atuante no Fórum de Mulheres do Araripe, da Rede Saúde da Mulher Campo-Cidade, na Rede de Apoio a Mulheres Agroflorestoras (Rama), presente em todo o país, ao mesmo tempo que transmite à sua família a maneira colaborativa de ver o mundo que aprendeu com as plantas. A partir dos seus trabalhos no semiárido do Nordeste brasileiro, Silvanete quer consertar distorções que ameaçam a todas as espécies, quer mostrar que o campo é uma vanguarda na busca por dignidade, saúde e educação.